Quando o querer e o dever não se
harmoniza.
Vivendo
entre a permissão e a hipocrisia
Se o seu “querer” não se conforma com o “dever”
estabelecido por Deus, o que você pode fazer para ter paz? Vejo pelo menos
cinco estratégias possíveis.
1.
Você
pode evitar pensamentos sobre o “dever”. Esta é a estratégia mais comum no
mundo. Muitas pessoas simplesmente não dedicam energia para considerar o que
deveriam estar fazendo e não o estão fazendo. É mais fácil apenas deixar o
rádio tocando.
2.
Você
pode reinterpretar o “dever”, para que este se pareça com o seu “querer”. Isto
é um pouco mais sofisticado; portanto, não é muito comum. Geralmente exige
uma educação especializada, para ser feito com credibilidade; ou, a
graduação em um seminário pode fazer isso com requinte. (Eu acredito
firmemente tanto na educação especializa- da como no seminário!)
3.
Você
pode reunir os poderes da sua vontade para realizar uma forma de “dever”,
embora não tenha o “querer” em seu coração. Isso parece muito bom e,
freqüentemente, é mal interpretado como uma virtude, até por aqueles que o
fazem. De fato, há uma filosofia que diz: “O dever sem o querer é
a essência da verdadeira virtude”. O problema desta filosofia é que Paulo
disse: “Deus ama a quem dá com alegria” (2 Coríntios 9.7). Isso coloca
os que contribuem por “dever” em uma situação precária.
4.
Você
pode sentir contrição pelo fato de que o seu “querer” é muito pequeno e
frágil — como um grão de mostarda. Depois, se você tiver a capacidade,
cumpre o “dever” pelo esforço da vontade, enquanto lamenta que seu “querer”
seja fraco e ora para que este logo seja restaurado. Talvez este até seja
restaurado enquanto você realiza o “dever”. Isto não é hipocrisia. A
hipocrisia oculta a ausência do “querer” e finge que ele existe. A virtude
confessa o desejo deficiente na esperança de que a graça perdoará e
restaurará.
5.
Por
meio da graça, você pode buscar a Deus, para que Ele lhe dê o “querer”, de
modo que, chegando o momento de cumprir o “dever”, você terá o “querer”. Em
última instância, o “querer” é um dom de Deus. “A mente da carne é hostil
para com Deus... e não é capaz de submeter-se à lei de Deus” (Romanos
8.7 — tradução do autor). “O ho- mem natural não pode entender as
coisas do Espírito de Deus... por que elas são apreciadas espiritualmente” (1
Coríntios 2.14 — tradução do autor). “Na expectativa de que Deus lhes conceda...
o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade” (2 Timóteo 2.25).
A doutrina bíblica do pecado
original se resume nisto (emprestado de Agostinho): Somos livres para fazer o
que gostamos, mas não somos livres para gostar do que deveríamos gostar.
“Pela desobediência de um só homem [Adão], muitos se tornaram pecadores”
(Romanos 5.19). Esta é a nossa condição. E sabemos, com base em nosso
próprio coração e nas Escrituras, que somos responsáveis pela corrupção
de nosso “querer”. De fato, quanto melhor nos tornamos, tanto mais nos
envergonhamos de sermos maus, e não apenas de fazermos o mal.
Como disse N. P. Williams: “O homem comum pode sentir-se envergonhado de praticar
o que é errado, mas o santo, capacitado com o aprimoramento superior de
uma sensibilidade moral e poderes perspicazes de introspecção, se envergonha
de ser o tipo de pessoa que está sujeito a praticar o que é errado”
(citado em Edward Oakes, “Original Sin: A Disputation”, First Things, no 87, novembro
de 1998, p. 24).
A obra soberana e espontânea de
Deus em mudar o coração é a nossa única esperança. Portanto, temos de
pedir-Lhe um novo coração. Temos de orar para que Ele nos dê o “querer” — “Inclina-me
o coração aos teus testemunhos e não à cobiça” (Salmos 119.36).
“Alegra a alma do teu servo, porque a ti, Senhor, elevo a minha alma” (Salmos
86.4). Deus prometeu fazer isto: “Porei dentro de vós o meu Espírito e farei
que andeis nos meus estatutos” (Ezequiel 36.27). Isto é a nova aliança
comprada com o sangue de Jesus (ver Hebreus 8.8- 13; 9.15). “Acheguemo-nos,
portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos
misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hebreus
4.16).
Qe Deus abençoe ricamente a sua vida e família
Pr. Dinei Morais
Igreja Ágape de Atibaia
Extraído do Livro "Provai e Vede" de John Piper - Editora Fiel
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